DIY atemporal - Fechando Portas - Myrddin VanHelsing e Viic Black

A caça a bandeira estava acontecendo há algum tempo. Já estava perto de terminar, segundo o histórico. Eu e Viic Black, a filha de Nix, estávamos na função de guarda da fronteira. Éramos uma boa dupla. Eu ficava na defesa e ataques próximos, enquanto ela ficaria com magias e ataque a distância.

A corneta tocou anunciando o fim da disputa.
- Quem será que ganhou? – Ela me perguntou.
- Estavam bem equilibrados. – respondi. – Qualquer lado tinha chances de vencer.
Ela não pareceu muito satisfeita com essa resposta. Afinal, ela era competitiva e gostava de vencer. Quem não gostava. Mas mesmo em uma luta, tenho que manter a cabeça limpa e pensar com lógica.
Já estávamos voltando para o ponto de encontro, para vermos que venceu, quando escutamos uma respiração entrecortada. Fomos para a origem do som, e encontramos um sátiro ferido.
- Portas... Submundo... Almas perdidas... Nova Iorque tomada.
- Deixa ver se entendi. – disse Viic. – Portas para o Submundo apareceram em NY, e almas perdidas estão espalhadas por lá?
- Sim. – disse o sátiro e com seu ultimo suspiro terminou. – Vocês... fechar.
Ele se dissolveu em pó, e no seu lugar surgiu uma muda de macieira.

Combinei com a Viic de nos encontrarmos na entrada do acampamento para podermos seguir. Argos já estaria lá. Fui para meu chalé pegar o resto de minhas coisas. Joguei um sobretudo sobre minha armadura. Coloquei a minha adaga no bolso, para ter fácil acesso. E o restante iria para a mochila, que ficaria preso no meu escudo que era grande o suficiente para caber na mochila.

Corri para a entrada. Não queria deixar Viic esperando. Felizmente cheguei cedo. Ainda teria tempo de plantar a muda. Escolhi um lugar visível e alto para isso. Um sátiro que perece no seu dever merece essa honra.
Assim que terminei, vi que a ruiva estava do meu lado. Ela não disse nada, então seguimos para o carro.
No caminho conversamos um pouco. Sempre é bom conhecer com quem iriamos trabalhar. Claro que não disse tudo, alguns fatos são melhores não serem divulgados. Senti que ela fez o mesmo.
Argos no deixou no Central Park, local onde o sátiro que nos avisou vigiava.
O sol estava se pondo. Rumores dizem que não era um bom lugar para estar depois disso. Mas não estava preocupado com isso. Nyx era a deusa da Noite. E alguns dos meus poderes também eram melhores à noite.
- Agora começa nosso serviço de fechar portas que não deveria estar abertas.
 

Itens Levados:

Passei o escudo para frente, tirei o elmo, e minha espada da mochila, voltando ela para as costas.

- Descobrir onde está a porta, convencer as almas a voltarem, bater em alguns monstros, e fechar as portas. – disse para ela. – Não necessariamente nesta ordem.
Ela riu. Pelo menos a tensão anterior a batalha se quebrou. Mas estávamos pronto.
Seguimos por trilhas pouco usadas, do jeito que estávamos causaríamos pânico.
Em um dado ponto começamos a ver uma névoa. Estamos perto do nosso alvo. Mais alguns passos e pudemos ver a porta. Quem escuta pode achar que era uma portinha qualquer, mas era um portal como naqueles de castelos medievais. Portas de carvalho reforçado, com ferro fundido.
Viic ta me olhando feio. Acho que gastei muito tempo olhando para porta. Passei a olhar para o que tinha na frente. Duas dracaenaes cercavam algumas almas. Essas não eram almas que queriam estar aqui.
- Eu pego a da esquerda e você a da direita. – disse para Viic. Ela concordou já com o fogo da batalha nos olhos.
Dei a volta pelas árvores. Dividir pra conquistar. Aproximei-me lentamente da dracaenae, que tinha uma rede e uma lança nas mãos. Mas meu cheiro me denunciou. Ela já virou lançando sua rede. Mas seu movimento fez com que ela pegasse num arbusto ao meu lado.
Enquanto ela tentava livrar sua arma, eu ataquei. Ela desviou minha espada com sua lança.
Não podia perder tempo com uma luta ali, ainda havia portas abertas por ai. Então avancei com tudo. Ela tentou usar usa lança contra a minha cabeça, mas usei o escudo para fazer com que passasse sobre meu ombro, sem nenhum risco. Aproveitei que ela se distraiu com isso e cravei a minha espada na barriga dela bem abaixo do seu peitoral. O fiz de forma que subisse, causando maior estrago. Usando o poder pra congelar da espada, rodei a espada. E retirei em um movimento brusco.
Pó de monstro tomou conta da minha vista, por poucos instantes.
As almas pareciam estar mais calmas. Viic já tinha exterminado seu monstro.

Quando Viic conseguiu lacrar o portal, o sol já tinha ido embora. Aliás, o próprio portal sumiu. Sinal de que fomos bem sucedidos.

Fiquei encantado com a forma que Viic cuidou das almas. Algo me diz que o sátiro não nos achou por acaso, estava procurando por ela. Bom, essa não era a hora de ficar invejando os poderes de outros. Tínhamos que achar o próximo portal, porque me recuso a chamar aquilo de porta.
Me concentro para ter meu Olhar Noturno, já que aquela parte do parque não tinha iluminação. Sabia que não conseguiria encontrar os outros portais com isso, mas poderia ter alguma pista. E foi o que consegui, vi dois olhos brilhantes voltados para nós dois. Era uma bela coruja. Me aproximei e usando minha afinidade com a ave, e minha Linguagem Animal, conversei mentalmente com ela.
- Eles estão no edifício Chrysler. – disse para Viic.
- Como você sabe? Não acho que ela saiba o nome dos prédios. – disse ela, que também tinha o poder de conversar com animais noturnos.
- O Prédio alto com águias de metal só pode ser esse. E ela me passou uma imagem dele. – disse dando de ombros. – Agora só temos que chegar lá.
 
 

Poderes usados:

                   
 

Viic lacrou mais um portal. Só espero não ficar fazendo para sempre. Agora precisamos descobrir onde havia um.

- Essas almas gostam de falar, mas algumas não fazem sentido. – disse Viic. – Disseram que preferiam ter pego o portal para ver Gatos ou algo assim, mas falaram que não tinha mais. Será que estão no zoológico.
- Cats. – disse para ela. – Show da Broadway. Depois de muitos anos encenando eles encerram.  Já temos um local pra ir. Di imortallis. Estávamos do lado.
- O que? – disse Viic que não tinha tanto conhecimentos de Nova Iorque, uma vez que era Britânica e tinha vindo poucas vezes para a cidade.
- Broadway fica ao lado do Central Park. Deve estar dentro de algum teatro para a coruja não ter visto.
Voltamos para rua e começamos nosso caminho até a avenida dos teatros. Seria interessante ver tudo ativo, mas pela hora não teria mais nada funcionando.
Quando chegamos Viic praguejou ao sentir onde estavam os fantasmas.
- Odeio ironias. – disse ela apontando para um teatro, onde estava sendo encenado “O fantasma da Ópera.” Eu tive que rir.
Infelizmente estava trancado. E não havia nenhum filho de Hermes com a habilidade de destrancar portas por perto. Bom teria que usar o método bruto mesmo. Fomos para uma porta lateral. Usando a minha espada consegui inutilizar os sensores do alarme, congelando.  E depois quebrei a fechadura.
Como Viic tinha dito, as almas estavam ali, e o portal sobre o palco. Mais uma vez ela conversou com as almas.
- Não se esqueça de perguntar dos portais. – disse para ela.
Ela mais uma vez conduziu as almas para seu lugar. E Selou o portal. Estava preocupado se houvesse muitos destes acho que ela não conseguiria continuar nesse ritmo.
- Só tem mais um. – disse ela. – Estátua da liberdade.

Seguimos para a ilha onde estava a estátua. As Cinzentas tem um monte de história. Para alguém que tem apenas um olho, elas viram muita coisa. Perguntei sobre a Guerra de Troia depois que percebi que Viic dormiu. Bem ela merece um descanso, ta trabalhando mais que eu.

- Hey... – Cutuquei ela. – Chegamos.
- Ah, valeu. – saimos do táxi e se espreguiçou.
- Você está bem? –não pude deixar de ficar preocupado, afinal ela era minha parceira.
- Sim, claro. – disse ela ainda meio sonolenta. – Vamos.
O portal estava bem na base da estátua. E esse era o mais sombrio. Era feito de ossos e crânios.
As almas desta vez eram guardadas por cães infernais. Quatro deles. Escolhi os meus os maiores. Sabia que Viic poderia dar conta deles, mas ainda precisávamos fechar o portal.
Parti pra cima do primeiro com o escudo na frente. Bate com todo o meu peso na cabeça dele. Ele absorve os impactos para mim, não para ele. Ficou tonto.
Ataquei o segundo. Mas esse foi mais esperto e desviou. Ficamos alguns segundos nos encarando. E no fim atacamos ao mesmo tempo. Eu acertei sua pata dianteira esquerda, mas ele conseguiu acertar a minha perna, me fazendo cair. Agora já tinha cortes na perna, arranhões nas costas e no braço da espada.
Agora não estava com paciência para brincar com ele. Levantei o escudo para forçar um ataque a minha perna, e preparei a espada.
Como previsto, o cão tentou morder minha perna ferida. Mas fui mais rápido, Bati com a ponta do escudo na cabeça dele, evitando seu ataque e dei uma estocada na sua costela. Um a menos.
Me virei para o que tinha atordoado e percebi que ele tinha se recuperado. Sabendo que todo cão tem alguns truques, peguei minha machadinha. Não usaria como arma, mas como brinquedo.
- Aqui Totó, peguei. – Lancei a machadinha pouco acima de sua cabeça, ele conseguiu pegar, mas perdeu a atenção em mim, e abriu uma brecha enorme que não perdi. Transpassei a minha espada no seu pescoço.
Assim que a poeira dourada se assentou, olhei para Viic. Ela já estava rebanhando as almas de volta para o portal. Em seguida fechou o portal. Bem a tempo, os primeiros raios de sol surgiram.
Tive que me aproximar, ela estava quase caindo no sono.
- Irmãs cinzentas? – perguntei.
- Rápido. – ela bocejou, porque aquilo não pode ser considerado falar.
Lancei o dracma no chão e mais uma vez entramos no taxi.
- Para onde pombinhos. – disse a que estava com o dente.
- Acampamento meio sangue. – respondi. – E se repetir isso, minha amiga vai ter certeza de que vocês estejam do outro lado dos portais que fechamos e sei que vocês sabem disso.