Resgate á Nice - Missão para Myrddin VanHelsing

O chalé de Atena está calmo, melhor, mais calmo que o normal. Sempre era possível ver alguém conversando sobre algum assunto cientifico, ou mesmo ouvir pequenas explosões dos trabalhos de química e alquimia que eram executados ali.
Mas hoje o chalé estava praticamente vazio, só restava eu, largado na minha cama em um canto escuro. Hoje nada estava chamando a minha atenção.
Meus irmãos me chamaram para treinar com eles, mas arco e flecha, ou matar uma cobra gigante não me pareciam ser a melhor coisa para se fazer. Como não era horário obrigatório de treino, continue por ali, buscando algo para fazer.
Estava rodeado por livros de diversos assuntos, mas nenhum prendeu minha atenção por mais de cinco minutos. O último, que ainda repousava sobre meu peito, falava sobre forjas de espadas. E havia prendido a minha atenção por mais tempo, mas meu interesse se perdeu quando comecei a juntar as espadas com poderes. E infelizmente, não posso forjar nada mágico.
O silêncio foi quebrando quando um som repetitivo alcançou os meus ouvidos. Três batidas na porta. Quem seria? Meus irmãos não bateriam. Outros campistas não são tão solenes assim.
Antes mesmo que eu pudesse me livrar dos meus amigos encadernados, um sátiro entrou correndo.
- Ah... Quíron mandou lhe chamar para ir a sua sala, leve suas armas! – falou o mesmo ofegante.
Ele nem esperou por uma resposta minha e saiu correndo.
Para que será que preciso de armas? Uma invasão ao acampamento não era, ou teria soado o alarme. Será que era para buscar algum novo campista? Os monstros andam ativos de mais ultimamente. Bom, não adiantava montar estratégias sem antes saber para que?
Terminei de pegar minhas armas, ajeitando tudo em seu lugar, peguei minha mochila e parti para a Casa Grande.
 

Armas:

Quíron me deixou com os três campistas indefinidos. Teria que descobrir mais sobre eles para poder montar estratégias de batalhas. Vejo que eles ja tinham suas armas. Espero que tenha talento para isso.
Lidero todos para a van, pensando na missão. Nice a deusa da Vitória sequestrada, isso não era um bom sinal. Seria algo difícil de reverter, mas não seria impossível.
Passando pelo templo, peço para meus colegas esperarem. Corro para lá, acendo um incenso na base da figura de minha mãe, para pedir proteção na missão e garantir que retornaria com a sua companheira. Vejo que a pequena imagem de Nice está meio transparente, como se desaparecesse. A situação era mais grave que imaginei.
Voltei para perto dos outros e seguimos até Argos. Nem adiantaria perguntar para o servo de Hera para onde iriamos, ele nunca fala, pelo menos não com campistas.
Durante a viagem conversei com os outros campistas.

Os campistas indefinidos não reagiram a tentativa de conversa. Teria que aprender sobre eles a partir de observação.

O mais perto de mim era loiro, tão brilhante que parecia que parecia que tinha o sol no cabelo. Mas o brilho de sua espada conseguia ser mais cegante. Será que se eu pegar meus óculos escuros ficará na cara? Filho de Apolo, ou de Hermes? Pode ser de Afrodite ou Perséfone também.
Passei para o próximo. Ele estava entretido no seu game portátil. Mas uma adaga pronta para o uso estava no colo, tendo ele os cabelos claros e olhos castanhos. Não consegui determinar seu parente divino também.
O mais distante de mim, era tinha a aparência sombria e severa. Filho de alguém do Submundo, mas com um arco e flecha com bronze celestial?
Fiquei tão perdido na minha observação que não percebi que entramos em uma cidade. Só fui ver quando as casas passaram no meu campo visual.
Onde será que estávamos?

Era difícil saber onde estávamos. Não havia nenhuma placa, nenhum ponto que pudéssemos fazer uma identificação, e pior sem nenhuma pessoa ali. Argos indicou que era o local. Então descemos.

Podia ver nas feições ou no brilho do olhar de cada um que não era o único intrigado com aquilo. Decidimos andar.
Algo ali não estava certo. As coisas estavam certinhas de mais. E pior repetitivas. Juro pelos deuses que já vi aquela casa amarela três vezes. Logo vem a mercearia, e a banca de revistas. E a casa que parece ser de filme de terror.
Não fui o único a notar isso, o loiro e o do game cochicharam algo do gênero.
Mas tinha algo que era único. Um galpão sombrio e sobrecarregado.
O mistério só se intensificava. E isso estava nos enlouquecendo.
O jeito era ir até o galpão e resolver isso.

Percebi que não foi uma boa ideia entrar daquele jeito no galpão. Pelo menos não todos ao mesmo tempo, como as equipes dos filmes de ação. Assim que demos o primeiro passo, percebi que o chão não existia. De alguma forma todos nos caímos.

Felizmente, era uma espécie de escorregador. Depois de algum tempo chegamos ao fim.
Um pouco doloridos, desorientados e cheios de fuligem, mas estávamos bem.
A única coisa que pudemos reparar era que estávamos em uma caverna.

Começamos a andar pela caverna. Já que voltar pelo tobogã era quase impossível. O que era uma pena. Tinha gostado da descida, mistura de adrenalina com a queda no desconhecido. Não sei dos meus companheiros. Mas eu faria de novo.

Mesmo com meu Olhar Noturno era difícil ver muito longe, estávamos atento a tudo, inclusive aquele barulhinho o de água caindo.
Um dos indeterminados teve uma boa ideia. Puxou sua adaga que emitiu um brilho que melhorou a nossa visão. Pudemos ver que era pedra maciça, sem condições de conseguir quebrar. Pude ver também algumas estalactites e estalagmites, mas nada de insetos, morcegos ou outros animais, pelo menos naquela parte da caverna.
Andamos mais um pouco. E encontramos uma bifurcação. Chegou a hora de escolher caminhos. Ficamos impressionados que tudo mudava por estes caminhos. Um tinha uma vegetação pantanosa, que poderia nos atrasar, mas eram poucos monstros que viviam em pântanos. Claro que isso não significava que não teria nenhum ali. E o segundo era de terra batida. Fácil caminhada e não seria uma desvantagem em uma luta. Mas tinha mais cara de ter mais monstros.
Qual seguir?
- Vamos pelo caminha de terra batida. - disse para todos.
 

Poderes usados:

Seguimos cautelosamente o caminho que escolhi. Era plano e a terra batida não permitia saber se alguém tinha passado por ali ou não. Então seguimos com nossas armas em punho, prontos para qualquer eventualidade. Nunca se sabe quando um monstro apareceria ou mesmo uma armadilha.

O ar era extremamente seco, e com muita poeira, parecia que estávamos num deserto, não uma caverna. Acabamos tossindo muito. E perdíamos o elemento surpresa.
A nossa volta as paredes eram uniformes e sem nada para vermos. Aquele caminho tinha absolutamente nada por enquanto.
Foi quando as paredes começaram a fica mais longe uma da outra, alargando nosso caminho. Era agora que algo aconteceria.

A caminhada estava cada vez mais cansativa. Nossas gargantas estavam muito secas pela andança e pela secura do lugar. Um de meus companheiros parou de repente e nos encarou.
- Isso está ficando estranho. Preciso de água. Vocês têm? - perguntou o semideus.
Passamos a procurar por algo com agua. Mas nossa busca por apenas um momento

Quando procurávamos por água, o chão começou a tremer.  Automaticamente olhei para o teto e as paredes verificando se não havia sinais de desmoronamento. E graças aos deuses não. Se bem que o motivo não era agradável. Oito corpos gigantescos apareceram de rachaduras que surgiram do chão. Ótimo, oito escorpiões gigantes.
Todos se preparam para a luta, e percebi que não eram as armas certas para eles. Eles estavam desconfortáveis com elas.
- Ei você do Arco, passe ele para o loiro, e pegue a adaga. Não reclame, você ta ficando com a espada. – disse para eles. Povo que gosta de reclamar. – Andem logo, eles já estão para atacar. Lembre-se que os pontos fracos deles são as junções das placas e o fogo. E os fortes são os óbvios, as garras e o ferrão da calda.
O menino sombrio deu um sorriso sádico. Nem quero saber o que ele está pensando, alias nem temos tempo para isso.
- Dois para cada. – falei novamente. Quíron me fez líder, então tenho que fazer isso direito, e se eles não aceitam isso, problema deles.
Parti para cima do primeiro escorpião.  Dei um golpe rápido na direção dos olhos. Um pequeno golpe eu sei, mas era para irrita-lo. Pois logo parti para o segundo, que tentou me pegar com suas garras, mas usei uma das pinças para saltar sobre seu corpo. Rapidamente cortei o ferrão dele, usando o poder de congelar de minha espada. Infelizmente, não foi um golpe fatal, e ele ainda tinha suas garras.
O Arqueiro lançou algumas flechas e todas foram ricocheteadas na carapaça dos monstros. Uma conseguiu crava em um olho, mas ele tinha muitos. De alguma forma ele seguiu meu exemplo, e conseguiu subir nas costas de um deles. O outro escorpião lançou seu ferrão contra o Arqueiro, mas ele conseguiu se desviar. Isso só me fez ter certeza de que ele era um filho de Apolo, que tinha mais habilidades contra seres do submundo.
O ferrão abriu um talho na carapaça do escorpião. Esse buraco era tudo que meu companheiro queria e alvejou aquele ponto. Fazendo com que o aracnídeo virasse pó.
O de cabelos claros, que pelo sorriso tem ligação dom Hermes, atiçou os seus escorpiões e saiu correndo para o caminho que tínhamos vindo. Lutar com dois escorpiões ao mesmo tempo não pode ser uma boa, então ele ia lutar contra um depois o outro, e limitava o movimento dos escorpiões. Ele usou um pouco de habilidade para ferir o primeiro de seus escorpiões, justamente na junção das placas fazendo com que mais um fosse destruído.
O garoto sombrio fez com que três bolas de fogo negro surgissem na sua frente, duas ele lançou num dos escorpiões. Que se afastou do Filho de Hades, eu acho, pegando fogo.
Não podia me distrair, escorpiões podiam ser bem chatos. O que ainda estava com o ferrão tentava me acertar com seu veneno, mas conseguia me defender bem com meu escudo. Usei o Hesitar, entre dois ataques e me lembrei de outro ponto fraco dos escorpiões. Sua boca.  
Como o escorpião realmente vacilou eu acabei fazendo uma estocada na sua boca. Metade já era.
O Arqueiro de alguma forma chegou perto do escorpião que estava em chamas, pouco antes dele se virar pó, literalmente, e colocou fogo em uma de suas flechas. E seguiu meu exemplo e lançou na abertura inicial de seu sistema digestivo. O fogo se espalhou mais rápido.
O filho de Hermes acabou sendo prensado contra a parede da caverna. Mas o escorpião acabou com o ferrão preso no teto e soltou meu companheiro. Este aproveitou a distração e achou uma brecha na carapaça e fincou sua espada ali. Matando mais um dos escorpiões.
O Filho de Hades, ainda com uma bola de fogo na mão, usou seu poder de Dor para paralisar o corpo do escorpião. Certo que era para manter suas pernas, pinças e rabo funcionando, mas o fogo gerou pânico no Escorpião, que não conseguiu fugir, já que seus órgãos de sentido estavam paralisados.
O semideus fundiu a chama com a adaga e cravou entre os olhos do escorpião. Ainda com o sorriso sádico nos lábios.
Faltava um. Aquele que decepei o rabo. Mais uma vez usei um de meus poderes.  Repelir. Escorpião não era um dos monstros mais fortes, então seu efeito foi imediato. O monstro tentou fugir de mim. Mas sua saída estava bloqueada pelo fogo dos outros escorpiões. Fiquei ao seu lado e o parti ao meio, ou onde me parecia o meio de seu cefalotórax.
- Todos bem? – perguntei.
O filho de Hades apenas acenou com a cabeça.
- Um pouco dolorido, mas sem ferimentos graves. – disse o Filho de Hermes.
- Precisando ver o sol, mas sobrevivendo. – disse o filho de Apolo recolhendo as flechas ainda viáveis.
- Isso pode ser um bom sinal de que estamos no caminho certo. – disse para os outros. – Seguimos com mais cuidado a partir de agora.

Poderes usados:

Observação:

O pó dourado que saiu dos monstros parecia dançar a nossa frente como se um ventus tivesse brincando com ele. Era algo até mesmo hipnotizante.
Um caixa surgiu no meio disso tudo. Me adiantei para abrir. Tinha um bilhete.
'' Caros rapazes,
Lhes trago presentes simples, porém que podem salvar sua vida. Então, espero que se agradem com o reconhecimento.
Atenciosamente, Quíron. ''
Quando terminei de ler, senti uma brisa passar pelo meu rosto. Senti uma paz interior passar por mim. Com certeza os deuses estavam vendo nossas ações e aprovando. Teria que agradecer era pelo presente.
Abri a caixa e tinha suprimentos ali. Passei um de cada para meus companheiros. E sinceramente me deliciei mesmo com a água.
Descansamos um pouco.
- Vamos galera. – disse para eles. – Temos uma deusa para resgatar.
Continuamos nosso caminho, evitando a abertura no chão causada pelo aparecimento dos escorpiões.
Estávamos mais tranquilos, mas sabíamos que isso era só o começo.

Os suprimentos mandados por Quíron ajudaram muito. Cada um de nós foi se recuperando aos poucos. Lembrete mental, nunca mais sair do acampamento sem um bom estoque de néctar e ambrosia, no mínimo, e claro, água.
Fomos caminhando lentamente, ainda apreciando os efeitos do que comíamos.
- Ta legal... Depois de quase morremos todos juntos, merecemos nos conhecer. - falou o arqueiro se virando para nós. - Meu nome é Toby. – Mesmo naquela terra árida ele conseguia sorrir como se estivéssemos na praia.
- Meu nome é Luan. – foi a vez do rapaz com a Espada, que suspeito ser filho de Hermes.
- Ahm... Sou Nick. - comentou o quase fantasma, como se isso não tivesse menor importância.
Todos se viram para mim. Juro que descubro como fazer as ferraduras daquele centauro, se ele me jogar de novo em uma missão sem que apresente todos.
- VanHelsing, Myrddin VanHelsing. – disse para eles, mas logo parei.
Na nossa frente aparecia um enorme paredão cheio de pedras limosas. Chegou a hora de mais uma decisão. O que fazer agora? Como passar por ele. Não vejo nenhum modo de escalar, teríamos problemas com esse limo. Uma porta secreta? Ou isso é apenas uma ilusão?

Passamos alguns minutos olhando para o paredão tentando achar uma pista para tentar passar por este paredão. Foquei em encontrar uma pedra frouxa que poderia ser um botão para acionar uma porta ou alguma corrente de ar, que poderia ser uma passagem.
Nick, confirmando minhas suspeitas de que era Filho do Deus dos Mortos, colocou a mão no paredão, alguns segundos depois, limpou o limo de uma das pedras. Primeiro usou a adaga, depois se abaixou, pegou um pouco de areia no chão e terminou a limpeza.
Letras apareceram e ficavam se movimentando a todo o momento, dificultando tudo ao ser somado com nossa dislexia.
Α
 τ  
γ                                  Ο θ                                          η                                       ι
 η                           ς                                          ν                            ο                                            ά
ς                              ς
 
Os três ficaram me olhando, esperando que eu resolvesse isso. Mas quem mandou ser filho de Atena. Foi quando percebi a resposta, ajudado pelas cores das letras.
ο γιος της Αθηνάς
O filho de Atena.
Passei pelo menos dois minutos rindo. Com os outros me olhando de forma estranha, principalmente Luan.
- A resposta é simples. – disse depois de recuperar o folego. – O filho de Atena.
Fiz a coisa mais logica naquele momento, e provavelmente a mais tola. Encostei minha mão naquela pedra.