Grupo 4 - Teste solo

Relembrando a primeira mensagem :

Karollynny acordou em meio a uma floresta, sozinha, podendo contar apenas com suas armas que estavam em uma mochila ao seu lado. O local parecia totalmente deserto, nenhuma forma de vida se mostrava. Sussurros podiam ser ouvidos mas não compreendidos, as poucas folhas das árvores já quase mortas balançavam com uma brisa gélida e uma névoa densa cercava a semideusa lhe causando ainda mais terror.
Um cheiro de morte tomava conta local, o solo sob seus pés era úmido e argiloso, não havia vegetação alguma a não ser as árvores.

Instruções:

-Layla? - Senti meus olhos lacrimejando novamente, mas me recusei a chorar na frente dela -O que está fazendo, mi hija? O que houve com você?
Meu coração batia forte dentro do meu peito e sem nem mesmo notar, sentei-me no chão, abraçando os joelhos e chorando desesperadamente.
-M-me d-de-desculpe, filha... - Disse entre soluços -Eu não devia ter deixado vocês. Me perdoa... -Desta vez minha voz não soou tão abalada.
Só então percebi a faca e o sangue em suas roupas. Olhei nos olhos dela, que me fitavam de modo selvagem.
-L-Lay? - Me levantei, controlando minha respiração.

- Você não devia ter me deixado - gritou a garotinha com um ódio mortal em seus olhos. A menina chorava, chorava sangue. Estas lágrimas escorriam pelo seu rosto e molhavam sua blusa - Você fez isso - disse apontando para a cabeça na lança.

Limpei minhas lágrimas e solucei mais algumas vezes.
-Eu não fiz nada... -Tentei dizer, mas minhas palavras não passavam de sussurros.
Era muito doloroso ver a minha pequena, a minha menininha daquele jeito. Eu não podia perde-la. Não no mesmo dia em que perdi Kath.

- Você nos deixou, me obrigou matar ela e depois fez isso comigo - ela abriu o casaco e mostrou que no lado esquerdo do seu peito havia um buraco, um buraco vazio.

Olhei para ela, completamente horrorizada.
-Eu não devia ter deixado vocês... -Senti meus olhos tomando uma coloração mais escura. -Mas foi você quem a matou!
Disse as palavras com as mãos no peito, como se dizer aquilo me desse uma enorme dor ali.
-Você está morta, não está? - Meu coração doeu em pensar na possibilidade.
Olhei novamente para a cabeça de minha irmã na estaca e me segurei para não chorar.
A morte pode ser vista de várias formas. As mortes que ocorreram ali foram dolorosas e me machucaram profundamente, mas eu não podia fazer nada. E eu sabia que iria encontrá-las de novo nos reinos de Hades... Algum dia.

A menina permaneceu alí, parada e olhando para sua mãe com a mesma expressão, fechou o casaco e limpou a faca em sua blusa, limitou-se a uma única frase.
- Foi você quem mandou!

Franzi o senho.
-Não, Lay, eu não mandei. -Fechei os olhos e senti mais lágrimas descendo pelas minhas bochechas. -Por que eu te mandaria matar minha irmã?
Meu coração bateu tão rápido que perdeu uma batida. Tudo o que eu queria agora era morrer também, pois a dor de viver sem minhas meninas era mais difícil de suportar.

- Por que você quis- disse uma voz familiar vindo de trás de Layla - Você nãos as suportava mais - continuou.
Da névoa eis que surge a própria Karollinny.

Meu coração falhou umas três batidas e eu fiquei completamente paralisada, observando a mim mesma. E então eu me toquei.
-É uma ilusão! - Sorri aliviada -Nenhuma de vocês está morta.
Observei Layla e eu mesma, prestando atenção em cada detalhe de seus rostos.
Agora somente uma pergunta pendia em minha mente: Quem está fazendo isso?

- Não exatamente. O que vocês está vendo pode muito bem ser o seu futuro.
Falou a segunda Karollinny.

Encarei a mim mesma. Ela estava pálida, com olheiras em baixo dos olhos e seu olhar era cansado, assim como sua voz.
-O futuro é baseado em escolhas. - Suspirei, como se o ar fosse me encher de energia novamente -E eu nunca, NUNCA, escolheria isso para a minha família.
Olhei em volta, a procura de uma terceira pessoa, mas meus olhos apenas encontraram o vazio.

- Vou te mostrar que está errada - el apegou uma faca e arremessou contra Karollinny que desviou por pouco, porém sofreu um arranhão no braço, imediatamente um arranhão semelhante só que mais antigo apareceu no braço da outra garota.

Virei o rosto para ver o arranhão em meu braço e meu coração quase entrou em combustão quando vi o mesmo corte no braço da garota á minha frente.
-Não, isso não pode ser verdade. - Abaixei a cabeça e comecei a soluçar, sem derramar lágrimas -Eu sou uma pessoa tão má assim?
Meu mundo inteiro estava desmoronando, e a pior parte, é que eu não podia fazer nada para impedir.

- Você é fraca e imatura - disse a outra garota - deve deixar esses sentimentos de lado - ela foi até a Lay e toma a faca da sua mão, encostando a lâmina me seu pescoço.

Fechei os olhos, para não ver aquela cena, mas minha consciência gritava para mim abrir os olhos.
-Não, eu não sou fraca e imatura! Ter sentimentos não é uma fraqueza! - Caminhei até ela lentamente e andei ao seu redor. -O problema é você! Ou eu, se preferir. Olhe pra você, Karollinny Marie Pierce! Olhe o que se tornou! Nos tornamos frias e egoístas!
Rapidamente, arranquei a faca da mão dela e apontei para mim mesma.
-E eu prefiro morrer, do que me tornar você! -Disse e enfiei a faca em meu próprio estômago. E quando digo em mim, quero dizer em mim, não na cópia. Eu sabia que não iria morrer, mas era o que queria. Eu não iria deixar mais ninguém a mercê de mim mesma.

- Nãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaao! gritou a cópia que começou a se deformar como se fosse plástico derretendo. Layla sumiu e a cópia encarou Karollinny com os olhos desaparecendo em meio aquela massa.
- Você vai falhar - falou antes de tombar no chão.
Karollinny agora sangrava graças ao ferimento, suas forças estavam sumindo enquanto o sangue saia de seu corpo. Ela não conseguia ficar em pé e a visão já estava embaçando. Estava morrendo.

A morte pode ser vista de várias e várias formas. Ela pode ser assustadora. Pode ser dolorosa. Mas para mim, a morte ela como uma velha amiga, que me envolvia em seus mantos negros e guiaria minha alma até o reino de Hades.
Então simplesmente me deitei no chão e me deixei ser levada pela escuridão. Eu não estava triste em morrer. Não mesmo. A morte é uma coisa que todos temos que encarar um dia, e eu sabia que aquela não era a minha hora, mas morrer no lugar das pessoas que amo me parecia a coisa certa a se fazer.
Esperava nunca mais acordar, mas me surpreendi quando senti um formigamento no estômago e todos os meus sentidos voltaram. Eu não sentia mais dor, apenas a terra e a grama em baixo de meu corpo ensanguentado.

KArollinny voltou a abrir os olhos e estava em um local todo branco, ela acordou e estava deitada sobre um divã da mesma cor do local. Parado de frente para ela estava um homem de terno negro.
- Olá, Karollinny.

Quando abri os olhos, quase fiquei cega. O lugar era completamente branco.
-An... Oi... - Olhei em volta, desconfiada e voltei o olhar para o homem á minha frente -Quem é você?
Pisquei os olhos novamente, para tentar desembaçar minha vista, mas foi em vão.

- Sou Hades. Como está? Sofreu algum dano psicológico? Sente alguma coisa? - perguntava Hades com um tom de descaso.

Levantei uma sobrancelha, encarando Hades com dúvida. Estudei cada centímetro de seu rosto antes de responder.
-Não, pra falar a verdade. Não sinto nada. - Observei novamente o rosto dele -Eu tô morta?

- Não, vocês está bem viva. Mais viva do que nunca para falar a verdade. Tudo o que você viveu nas últimas horas foi uma ilusão, ideias e projeções postas na sua cabeça enquanto repousava sobre esse divã.

Balancei a cabeça, extremamente confusa.
-Eu sabia que era uma ilusão... -Encarei os olhos negros de Hades, e lá no fundo, vi algo sinistro, que me trouxe um arrepio gigantesco. -Por que fez essa ilusão?
Sei que parecia completamente clichê, mas estava com medo de ser usada como cobaia ou algo assim. Morrer, tudo bem. Não tenho medo da morte. Mas ser usada como ratinho de laboratório, não!

- Estava te testando! - falou e deu as costas - Feche os olhos, quando abri-los estará no acampamento.
Hades se desfez em névoa, deixando Karollynny só na sala branca.

Testando? Mas que diabos? Ou Ha... Esquece.
Antes de pudesse gritar "Teste para que?", o deus sumiu, levando consigo tudo o que restara de desconfiança em mim.
Então, seguindo as instruções de Hades, me deitei no divã macio e fechei os olhos, me deixando ser levada pela escuridão.