O Templo

Amy saíra do chalé de Hades destinada a fazer uma oferenda. Porém a mesma tinha intensões boas, como se pedisse o perdão a Perséfone pelo seu pai; pela suposta traição que dera vida a Amy Müller. A garota caminhava em direção ao templo portando sua fiel espada de ferro estígio, em seu pescoço permanecia o seu pingente especial pendendo em um cordão. Já no braço da Müller notava-se um belo bracelete, sendo por ventura seu escudo submundano.

Quando viu-se em frente ao famoso templo dos Deuses, a garota fez uma pequena reverência. Ela rumou a estátua de Perséfone, sem nem prestar atenção em outras; com exceção de seu pai, onde a mesma reverenciou-se diante deste.

A formosa estatura da Deusa das flores e agricultura permanecia intocável, mostrando-se ainda superior a de Afrodite por ser fixa, isto é, por ter uma beleza fixa e não mudável conforme os outros a viam. Amy deixou sobre os pés da divindade um buquê de rosas vermelhas, para o início de uma conversa.

- Oh, Deusa das flores... Aceite essas flores como meu pedido de um desafio maior. - suplicou Amy. - Para que me dê o prazer de um diálogo curto.

- Hum... - uma voz imergiu o pensamento da filha de Hades. - Admiro sua suplica, porém terás que se esforçar para completar meu desafio. - falou Perséfone.

- Aceito o que for, minha Deusa. - Amy falou curvando-se a estátua.

- A tempos que não degusto de uma romã tão vistosa quanto a de quando casei-me com Hades... - comentou a voz da Deusa. - Aqui mesmo, em minha casa, existe um pé desta. Gostaria que conseguisses algumas frutas para mim. - terminou a mesma.

O desafio fora lançado e Amy estava destinada a cumpri-lo. A garota imediatamente pediu uma licença para sair do Acampamento, para assim, seguir até a entrada do mundo inferior.

***

A van já estava a espera da filha de Hades. A garota deu uma última olhada ao Acampamento e desejou poder voltar ao local viva. Assim, a mesma desceu a Colina Meio Sangue em direção ao automóvel.

Argos era experiente, em menos de uma hora eles já estavam em frente aos Estúdios M.A.C. Amy sorriu ao observar os seres mortos perambularem para dentro do local. E com o brilho nos olhos, a garota adentrou o recinto.

Ela examinou os detalhes do lugar e encaminhou-se a recepção de Caronte. Ao deparar-se com o mesmo, Amy o observou.

- Olá. - a jovem falou. - Quero entrar na terra de meu pai.

- O que? Acha que pode entrar assim... - falou o servo de Hades, encarando-a.

- Lhe pago. - ela entrou dez dracmas ao servo.

Ele a examinou e recusou os dracmas, a entregando de volta. Logo a mesma entendeu o jogo de Caronte, resolveu aumentar a proposta. E assim dera certa, entre aumento de dracmas e conversas este a deixou entrar. Porém, o fato de ser uma filha de Hades influenciou-o a deixá-la adentrar a terra dos mortos.

Amy inspirou o aroma de terror e medo que o local emanava. Ela caminhou desgovernadamente até os Campos de Punição, examinando o local. Logo passou pelo Elíseo, onde encantou-se com a beleza do lugar. Além da beleza, a semideusa notou em meio a este uma árvore; o pé de romã do submundo.

Primeiramente, a filha de Hades comemorou avistar a mesma. Porém, observou que a sua guarda permanecia um dragão, um dragão de ferro. Seus olhos arregalaram-se conforme examinava o tamanho e a proporção da criatura. De fato Müller teria de achar uma brecha para destruir o animal e conseguir conquistar algumas frutas.

Depois de horas apenas olhando o dragão, a garota finalmente descobriu o segredo da criatura. No seu tórax, bem na marca de seu coração havia uma fechadura; como se houvesse alguma chave para abri-la. Neste instante ela notou que mais um desafio estava a sua espera, encontrar aquela chave.

Os lugares em que Hades colocaria uma chave. O foco do pensamento de Amy era este, onde sua busca desesperada de encontrar o artifício era maior que tudo. Os monstros de seu pai eram uma forte opção, porém o tártaro também podia ser.

A campista resolveu ir até a fiel fera de Hades, Cérberus. O cão infernal de três cabeças assustava a qualquer um, com seus afiados dentes rangendo e a procura de comida. Fora certo que a garota estremecesse ao avistar o monstro de longe, desejando nunca confrontá-lo. Mas quando seus olhos encontraram a chave presa a coleira do cão, os instintos de orgulho a tocaram no fundo da mente.

Seus olhos entre abertos transpareciam um pensamento estratégico. A garota bolara todo o plano e estava destinada a pô-lo em ação. No mesmo instante que ativou seu elmo, Amy suspirou preocupação. Ela ergueu sua espada e o colocou na cabeça, desaparecendo em meio a todos os mortos.

Discretamente a menina seguiu em direção ao cão. Enquanto não podia ser sentida a mesma preparou-se para usar de seus poderes. Seus olhos ferveram e de suas mãos saíram três bolas de fogo, estas rumando ao monstro.

As mesmas atraíram a fera, sendo apaixonada por bolas e brincadeiras relacionadas a estas. No momento em que os dentes alcançaram a uma das bolas, Amy correu em sua direção. Ela infiltrou-se o mais despercebidamente possível por de baixo do cão, que brincava alegremente com o novo brinquedo mortal. A garota ergueu a espada e cortou o cordão que prendia a chave na coleira do monstro.

Amy segurou a chave com firmeza e saiu correndo rapidamente, afastando-se da fera. Um suspiro aliviado fora proporcionado pela filha de Hades, que rumou ao Elíseo novamente.

Sua meta agora era especialmente perigosa. Desativar o dragão com a chave que acabara de conquistar.

Amy continuava sob efeito do elmo, portanto, invisível. Ela prendeu a chave num cordão em seu pescoço. A mesma ativou seu bracelete, que alongou-se até transformar-se totalmente em um escudo. Müller fez uma pequena reza por Perséfone e brandiu a espada para o combate.

De início o dragão pareceu não notar a presença de Amy, mas logo captou seu aroma. O ser metálico posicionou-se para a luta e, sem esperar que a garota se aproximasse, lançou-a uma rajada de fogo. A filha de Hades abaixara-se e rolara, desviando-se rapidamente do ataque. E com um pulo bem pensado, a moça golpeara o dragão na pata esquerda. O golpe não surtira muito efeito, apenas arranhara a lataria do monstro.

O dragão tentara boquear Amy, porém a mesma agia com rapidez e precisão. Os dentes da fera cortaram o ar em que a segundos a filha de Hades estava. E outra porção de fogo fora proporcionada pelo dragão em direção a jovem moça. Era possível observar o fogo crepitar em alguns fios do cabelo da Müller, que defendera-se com seu escudo - no instante queimando suas mãos pela quentura - momentos atrás.

Amy resolveu recorrer mais uma vez a suas habilidades especiais. Seu escudo estava resfriando no chão e a espada firme na mão da jovem. A campista o olhou e prendeu o fôlego, fazendo-o ter menos noção ainda de sua localização. Ela fizera algumas pedras moverem-se logo atrás do dragão, indicando que supostamente a mesma estaria perto a isto.

Confuso, porém convencido, a fera lançou mais uma rajada de fogo na direção das pedras. Onde uma brecha fora aberta para Amy. Müller correra e erguera a chave, encaixando-a exatamente na fechadura e virando-a. No mesmo instante em que a criatura se desativava, a filha de Hades corria.

Por pouco a semideusa não fora totalmente esmagada pelos restos do ser robótico, tendo apenas sua perna atingida pela garra deste. Mesmo ferida, a campista deixou transparecer sua alegria ao notar a árvore totalmente ilesa e desprotegida.

A garota correu e escalou a árvore frutífera. Nesta, Amy colheu três frutos. Após descer a mesma, a filha de Hades sentiu tudo tremer ao tocar seus pés na areia submundana. O chão começara a se desfazer, sugando tudo para um abismo agoniante. A semideusa desesperada agarrou-se as romãs e apertou os olhos.

***

Assim que abriu os olhos, Amy viu-se em frente a estátua de Perséfone. Em seguida, passou os olhos a sua volta observando seu escudo, sua espada e seu elmo próximos a si mesma. A garota pôs as mãos nos bolsos e encontrou as frutas. A mesma as pegou e as colocou sobre os pés da Deusa.

- Trago-lhe o que desejou, minha senhora. - falou Amy.

No último segundo em que as palavras saíram, um manto preto cobriu as romãs e levou-as consigo.