[DIY Atemporal] Em Busca da Liberdade (em andamento)

Gritos, sons completamente ensurdecedores, fogo e depois a escuridão. Acordei assustado e ofegante após ter mais um de meus constantes pesadelos. O chalé estava completamente escuro, impossibilitando que eu conseguisse ver qualquer coisa com excessão de um fino feixe de luz prateada que entrava pela janela. Aos poucos meu coração foi parando de bater com tanta velocidade, voltei a relaxar, já sem nenhum vestígio de sono.
Levei minha mão até a cabeceira da cama e peguei minha espada Solarium. Sua luz dourada iluminou a escuridão do chalé e me fez ficar ainda mais calmo. A sensação de estar sendo vigiado é agonizante e extremamente perturbadora. Olhei para o relógio na parede, não passava das 2 horas.
- Ah - praguejei. Deixei a espada ao meu lado, ainda brilhando, e me preparei para tentar dormir novamente. Fechei meus olhos e fiz uma prece silenciosa a minha mãe, quando o silencio noturno foi quebrado.
Algo bateu com força na porta, peguei a espada e em um salto já estava em pé novamente.
- Quem está aí? - falei tentando controlar meu nervosismo. Ninguém respondeu, até pensei que havia ido embora, mas outro golpe violento desfez essa hipótese.
Apontei a lâmina para a porta e preparei-me para atacar. Prestei atenção nos sons e distigui um barulho conhecido. Serpentes!
Fechei meu punho, as descargas elétricas já estavam começando a se formar e o meu receio já não existia. Levantei a mão, pronto para invocar um raio, quando as serpentes pareceram sumir, seus sons já não eram mais audíveis.
Caminhei até a porta, sempre alerta, coloquei a mão sobre a maçaneta e levantei a espada. Respirei fundo pela ultima vez e quando abri a porta realmente não havia nada lá, com excessão de um único pedaço de papel no chão.

Sentei em minha cama segurando aquele estranho pedaço de papel. suas bordas estavam queimadas e o papel ainda estava quente, como se tivesse acabado de ser tirado do fogo. Usei a espada para iluminar o local e já estava para ler o que quer que estivesse naquele papel, porém só havia uma palavra, um nome que perseguia os meus pensamentos, que surgia em meus sonhos, sempre como um sussurro, sempre acompanhado da imagem de uma garota, coberta de sangue. Rosie.
fiquei sem reação alguma, sem saber o que fazer a princípio. Como era possível que alguém soubesse da garota? Eu jamais havia mencionado a Rosie. Meu raciocínio voltou ao normal, tudo me fazia querer ir atrás do destinatário daquele bilhete. Comecei a vestir a minha armadura por cima da camiseta branca, embainhei Solarium e a coloquei presa ao meu cinto, meu relógio e meu όλα já estavam no meu bolso. Vesti uma jaqueta por sobre a armadura para me manter um pouco aquecido, mesmo com uma noite não tão fria, eu preferia estar prevenido.
- A onde pensa que vai? - escutei a voz que não queria ouvir.
Amanda Stonehearth, filha de Hades e por tanto a minha tia. Ela havia sido transferia para o meu chalé a pedido de meu próprio avô. O motivo? Ninguém me contou, o que eu sei é que Amanda era o tipo de pessoa extremamente responsável e um tanto rigorosa, o que a fazia agir como a minha babá. Apesar disso, eu me sentia bem quando estava perto dela.
- Não vou a lugar nenhum Amanda - falei de costas para ela, não me sentia bem em mentir para ela.
- Não tente me enganar - ela falou em um tom ainda mais rigoroso.
- Olha você não vai me imped...- me virei para vê-la e então percebi que estava pronta para sair - Não! Não! Não! - passei por ela em direção a porta.
- Não vou te impedir, eu vou com você!

Não teve como impedir Amanda de me seguir.
Saímos do chalé em plena madrugada, a primeira etapa era conseguir não chamar a atenção das harpias, era para ser uma expedição secreta, nada de alarmes. Tentei manter uma ilusão na mente das harpias para que não fossemos rastreados, mas era difícil conseguir ficar concentrado em tanta coisa ao meso tempo. Já estávamos na margem da floresta quando desfiz a ilusão.
- Isso cansa muito - me sentei encostado em uma árvore.
- Imagino - falou Amanda, de vigia - Como pretende encontrar quem mandou o bilhete?
- Quando estivermos mais longe do acampamento eu te mostro - levantei - Agora vamos.
Comecemos a adentrar na floresta quando ocorreu o que não deveria, fomo encontrados pelas harpias. A mulheres-galinha estavam chegando perto, mas quase não faziam barulho. Peguei o relógio do meu bolso e o coloquei, em segundos eu estava usando um grande escudo. Desembainhei a espada e comecei a correr para dentro da floresta sendo seguido por Amanda e as harpias.
- Elas estão muito perto - gritou Amanda - Se abaixe!
Obedeci e me joguei no chão, as garras da harpia passaram perto da minha cabeça. Levantei, o monstro deu meia volta e já preparava outro ataque.
- Não desta vez - me abaixei e coloquei o escudo na frente enquanto o eletrificava, a harpia se chocou contra ele, exatamente o que eu queria. A corrente elétrica passou por todo o corpo do monstro e a arremessou contra uma árvore. O incrível era que  a criatura ainda estava viva. Amanda, que até então apenas assistia a minha luta invocou o seu bidente e o cravou no chão. Mãos negras surgiram no chão e puxaram a harpia para a escuridão.
- Isso foi sinistro - falei olhando Amanda.
- Cala a boca e continue antes que mais alguém apareça - desativei o escudo e continuei a caminha para o coração da floresta.

Já estava amanhecendo e ainda caminhávamos, eu até havia perdido a noção do tempo que fazia desde que havia partido do conforto do meu chalé. Desde o ataque das harpias nenhuma outra criatura se atreveu a aparecer, acho que a culpa era da aura da Amanda, só de olhar para ela qualquer um pensara duas vezes antes de atacar. Solarium girava em minha mão enquanto eu mantinha o mesmo ritmo de caminhada, a vegetação da floresta continuava ma ficar mais densa.
- Ok já está longe o suficiente – parei de andar.
- O que vai fazer? – me perguntou Amanda com um óbvio tom de preocupação.
- Chamar atenção – encostei a lâmina da espada na palma da minha mão.
- Nem pense nisso! – me disse Amanda já prevendo os meus atos.
Ignorei seu aviso e passei a parte afiada da espada em minha mão rapidamente causando um corte não muito profundo em minha mão.
- Não! – gritou a garota tentando me impedir tarde de mais, embainhei a arma e peguei o bilhete chamuscado o sujando com o meu sangue.

O papel começou a brilhar, o vento se agitou. A escuridão cobriu aquela parte da floresta, mas não era uma nuvem e sim uma espécie de cúpula que se formava ao nosso redor.