Chalé de Melinoe

Férias no Camp

Julho chegou, e consigo, me trouxe novamente ao acampamento sem a autorização de meu pai e sem completar o segundo ano da escola que frequentava. Meu pai devia estar se matando de trabalhar quando parti para os Estados Unidos. Não era uma viajem muito fácil vindo do Brasil, mas com meu I30, era super mais confortável e prático de viajar pelo litoral do mundo mortal. Meu avô, Poseidon, havia me dado de presente de 16 anos. Aquele foi sem dúvidas o melhor presente que um garoto podia ganhar, e me fez esquecer que minha mãe não tinha me dado nem os parabéns. Os Deuses eram assim, imprevisíveis.

Com meu carro, eu pude atravessar a América em questão de duas ou mais horas. Não estava muito afim de contar o tempo, somente relaxar e curtir a viagem. Depois de chegar ao estrito de Long Island, subo do mar para terra firme, com o carro transformando as foias que faziam ele ficar sobre a água, rodas para circular em terra. Dali era mais rápido ainda até a Colina Meio-Sangue. Não tinha um lugar certo para guardar aquela preciosidade de presente, que me permitia estar em dois mundos quando bem intendesse, mas uma camuflagem tinha sido feita por um filho de Hefesto que tinha sido meu amigo nas férias passadas e ela deixava meu carro totalmente seguro do lado de fora. Depois de estacionar, era só pegar as malas e cruzar as fronteiras.

A vista era a mesma. Mágica. Estava morrendo de saudades do meu cavalo zumbi, aquele vadio, nem para me fazer uma visita! Eu primeiro fui ao Chalé, onde tinha um quarto só meu, já que era o único filho homem de Melinoe, então eu não me preocupava em bater na porta, ia logo entrando. Já entrando no Chalé, eu não encontrava nenhum vestígio de Donna,estava com saudades também, mas ela sempre mandava mensagens por bruxaria, aquela Feiticeira seguidora de Circe...

Passando pelos corredores, algum, as imagens falavam comigo, mas eu ignorava todas, assim como no plano mortal. Era estranho na hora da prova de história, você mandar Cabral sair da sua cabeça. Uma imagem em especial sempre me chamava atenção. Parecia minha mãe, mas ela só havia aparecido para mim duas vezes, então eu não reconhecia ela muito bem, mas eu sentia que podia ser ela por ali olhando por mim. Passei mais rápido que de costume pelo corredor e entrei em pânico no quarto fechando a porta e sentando no chão com os olhos fechados fazendo um pedido e logo todas as vozes se calaram.

Eu percebi um movimento. Será que ela um espectro querendo voltar a vida? Já havia ocorrido outras 10 vezes. Abri meus olhos e levantei devagar. Tinha alguém deitado na cama, mas esse tinha cor e carne. Era um menino. "Não é possível outros semideuses entrarem aqui, senão os... filhos da mamãe.." - pensava olhando incrédulo para o rapaz. Me aproximei com passos silenciosos como sempre e sussurrei:

— Oi.. meio-irmão? - perguntei - Filho de .. Melinoe?

Depois de falar, joguei minha mala na cama do lado do menino e fiquei atônito aguardando a resposta.