Música na praia a noite

O dia foi estressante, eu estava com vontade de explodir, mas ao invés disso fui pro meu chalé, coloquei uma bermuda simples uma blusa que tinha estampado "Natiruts reagge Power" que foi uma camisa que eu ganhei de um grupo de reagge brasileiro, e coloquei meu chinelo havaianas azul escuro, peguei meu violão e fui em direção a praia. Chegando lá estava meio frio, a lua estava enorme e linda, então peguei umas toras de madeira, coloquei no chão e rapidamente fiz uma fogueira. Eu tinha separado uma tora pra eu fazer de banco, sentei e comecei a fazer um som, olhei pra minha camisa e comecei a tocar a música: "liberdade pra dentro da cabeça...".

Um dia um tanto quanto comum no acampamento; fora isso o que eu tive. Acordei, fui à algum treino, almocei, fui à outro qualquer... um dia normal. Isso se um dia normal no acampamento for normal.
À noite, eu fiz uma das únicas coisas que eu conseguia fazer para me tirarem do tédio: Perambular por aí.
Já estava na minha segunda semana no acampamento, tinha feito uma visita em quase tudo, só não tinha ido exatamente à praia. E era lá que eu ia aquela noite, tentar ficar simplesmente sem fazer nada além de tocar meu violão e usar meu mp3.
Peguei os dois itens, coloquei uma calça jeans verde estilo militar e uma blusa preta estilo regata. Ah, claro, e estava com as sandálias havaianas pendidas em minha mão esquerda.
Perfeito e confortável, adorável.
Andei por pouco tempo até avistar uma fogueira. Quem em sã consciência - além de mim, é claro -, estaria fazendo uma fogueira à noite na praia? Andei mais um pouco até ouvir uma melodia de violão.
- Barth? - chamei, vendo que ele estava sentado perto da fogueira.

Eu tava concentrado, viajando no reagge, era a noite e os filhos de Hades tem uma sensibilidade mais pura, sabia que tinha alguém chegando, mas de início ignorei, mas a pessoa foi chegando mais perto e tinha um brilho especial, na hora em que me chamou eu parei rapidamente e olhei pra trás e vi era a Jú que estava especialmente linda, vinha caminhando com um violão e havaianas na mão. Me levantei cumprimentei ela com dois beijos no rosto e sorrindo disse:
- Acho que você teve a mesma ideia que eu né? Já que estamos aqui vamos fazer um dueto?

- Hm, claro - respondi, me sentando, jogando as sandálias em qualquer lugar, posicionando meu violão e tirando os fones do ouvido. - O que vamos tocar? Gosta dos Beatles, certo?

- O que vamos tocar? Gosta dos Beatles, certo? Foi a pergunta da Ju pra mim, ela só podia estar brincando eu cresci ouvindo Beatles, comecei fazendo uma introdução esperava que ela conhecia, olhei pra ela e perguntei Yesterday? e comecei a cantar... "Yesterday, All my troubles seemed so far away..." Essa música tinha um valor especial, pra mim, uma lágrima rolou do meu olho esquerdo, mas continuei cantando.

- Now it looks as though they're here to stay, oh, I believe in yesterday. Suddenly, I'm not half the man I used to be there's a shadow hanging over me, oh, yesterday came suddenly... - cantei e toquei junto com ele. É claro que conhecia a música, era a minha preferida depois de Across The Universe.
Apenas observei a lágrima correr por sua bochecha e descer até o seu queixo. Não fiz nada, só continuei a cantar; parte de mim estava tentada a limpar aquela lágrima de seu rosto e perguntar o que tinha acontecido, a outra parte entendendo que era horrível quando alguém perguntava o que de ruim tinha acontecido com você. Era como jogar sal na ferida.
Só fiz uma coisa além de tocar e cantar: Me entreguei à música.

Percebi que a Ju realmente gostava de Beatles, pois se entregou a musica, fez uns reefs que eu nem conhecia, eu fiquei só na base... Sorri, tinha tempos que eu não me sentia assim com ninguém... Assim que acabou a música eu olhei pra ela, a lágrima já tinha secado e falei: - Agora você escolhe e soltei um pequeno sorriso...

Nem mesmo pensei em alguma coisa antes de começar a cantar, sorrindo:
- There's nothing you can do that can't be done, nothing you can sing that can't be sung, nothing you can say, but you can learn how the play the game. It's easy.
"There's nothing you can make that can't be made, no one you can save that can't be saved, nothing you can do, but you can learn how to be you in time. It's easy. All you need is love, all you need is love...

Incrível como aquela menina além de linda, tinha uma voz super afinada, ela começou cantando o inicio de "All need is Love" eu já fui pegando o tom no qual ela estava cantando e levamos até o fim.. Assim que acabamos de tocar eu resolvi conversar um pouco com ela e um pouco nervoso perguntei:
- O que uma filha do deus sol faz a noite na praia?
Disse tentando segurar uma ansiedade.

- Hm, pensando. Tentando não ficar entediada. Tentando praticar um pouco de violão. Tendo boa companhia... coisas assim. - respondi, mordendo o lábio inferior e sorrindo. - E o que um filho da morte faz na praia de noite?

soltei uma risada discreta e disse:
- Bom minha preferencia pra sair é a noite, mas esqueça todos os outros paradigmas dos filhos de Hades. Nada disso funciona comigo, acho que puxei mas minha mãe do que o próprio Hades. Sem contar que a noite é o única hora que é silenciosa e eu posso ouvir meus pensamentos e fazer algumas reflexões, e agora que sei que tem companhia boa, acho que vou vim pra cá com mais frequência. Mas você já cantou ou tocou fora daqui do acampamento?

- Fora? Só uma vez. Mas porque uma prima minha tinha me "obrigado". Além dessa vez... nunca. Na verdade, nunca tinha cantado para ninguém além dos meus familiares e meu melhor amigo... a não ser você. - eu corei, não me pergunte por quê. Simplesmente corei e depois encarei meus pés descalços. - Mas eu fiquei sabendo que você tinha uma banda, certo?

Tentei fitar nos olhos dela e disse:
- Você canta muito bem, devia cantar mais por aí... Sim, eu tive uma banda, além de músicas nossas, a gente cantava algumas que o povo pedia. Sorri lembrando dos meus amigos. Tocávamos Rock, mas por alguns problemas tivemos que nos separar e hoje nem sei mais como eles estão... Mas seu namorado não estaria preocupado, com você a essa hora na praia, mesmo no acampamento pode ser perigoso.

- Meu... namorado? - eu ri, e ele estava sorrindo também, um lindo sorr... calma, Julia, foco. - Não tenho namorado, Barth! E você, um cara como você, que já esteve em uma banda que fez sucesso... deve sim ter uma namorada, estou certa?

- Meu... namorado? - eu ri, e ele estava sorrindo também, um lindo sorr... calma, Julia, foco.  - Não tenho namorado, Barth! E você, um cara como você, que já esteve em uma banda que fez sucesso... deve sim ter uma namorada, estou certa?

Ela sorriu e disse:" - Não tenho namorado, Barth! E você, um cara como você, que já esteve em uma banda que fez sucesso... deve sim ter uma namorada, estou certa?"

Dei um sorriso e disse:
- Tecnicamente sim, mas as pessoas nos esquecem e comigo não foi diferente. Eu até tive algumas namoradas durante minha carreira, mas tudo por interesse... mas atualmente estou sozinho.

Enquanto respondia, olhei pra baixo e comecei a dedilhar alguma coisa no violão, tentando esconder a dor da solidão.

- Tecnicamente sim? - perguntei, confusa - Argh, esquece.
Dedilhei qualquer coisa no meu violão, lembrando da música - Todo Carnaval Tem Seu Fim, de uma banda brasileira chamada Los Hermanos, e tocando os acordes.

Vi que ela ficou um pouco confusa com que eu disse, isso era normal acontecer, as vezes eu não conseguia me expressar bem falando, só cantando mesmo. Percebi que ela dedilhava uma musica brasileira que eu não conhecia, mas consegui acompanhar então com  uma voz embargada:
- Então Ju, que tal se a gente fizesse uma dupla? Fui abaixando a voz, pra ela quase não ouvir. - Ah e se a gente namorasse? O que acha?

- Uma dupla? Olha, eu aceito. - deixei meu violão de lado e me sentei ao seu lado, olhando nos olhos dele - Mas acho que não entendi a segunda parte do que você falou.

Ela disse que aceitava a dupla e largou o violão e sentou do meu lado, e olhando nos meus olhos falou que não tinha entendido o que eu disse. Eu respirei fundo, vermelho já, e falei:
- Ah, eu perguntei se você quer ser minha namorada?
E não esperei resposta, fui beijando a menina ruiva que estava ali do meu lado.

- Ah, eu perguntei se você quer ser minha namorada?
Eu ia responder, "claro que eu quero", mas fui interrompida. Ele me beijou. E eu correspondi.
Minhas mãos subiram para o cabelo dele, bagunçando-o, e eu apertei meu corpo contra o dele, acabando com qualquer espaço que estivesse ali. Foi um beijo quase selvagem, ao mesmo tempo que era doce e atencioso.
- Sim, - respondi, quando o beijo acabou porque nossos pulmões imploravam por ar - é claro que eu quero namorar com você.

é claro que eu quero namorar com você.

Aquela resposta ecoava em minha cabeça, eu estava feliz era a primeira vez que alguém gostava de mim pelo o que eu sou e não pelo o que tenho, dei mais dois beijos intensos e meus pensamentos começaram a se organizar de forma que eu não gostei e falei sem querer:

- Acho que vamos arrumar problemas com nossos pais...

- Sabe, eu acho que tenho certeza disso. Uma filha de Apolo, um de Hades... Isso vai dar confusão. - eu disse, me deitando em seu colo e observando as estrelas.

Ela deitou no meu peito e ficou observando as estrelas... acariciei o cabelo vermelho da Juh e disse:

- Mas fica tranquila, nem apolo, nem Hades, nem nenhum deus vai nos separar...

Disse isso apertando ela mais em segurança e pude ouvir um trovão, as ondas se agitando e um frio gelado na espinha como se fossem uma ameça dos três grandes, mas ignorei e beijei a minha Ju.

Um beijo calmo e protetor, foi isso o que ele me deu. E foi isso o que eu correspondi.
- Promete que eles não vão nos separar? - perguntei, dando um selinho nele.